sexta-feira, 5 de julho de 2019

A NOVELA DO MONOTRILHO: CAPÍTULO 2019

Por Moisés Basílio Leal

          Abaixo a reprodução de uma matéria publicada no jornal Folha de S. Paulo sobre a situação atual, 2019, do monotrilho, linha 15-prata, que passará no Conjunto Mascarenhas de Moraes. 

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Monotrilho acumula trapalhadas e vira herança maldita para Doria
Nos últimos meses, linha 15-prata teve de batida a queda de muro; Metrô garante segurança




5.jul.2019 às 16h05 – Folha de S. Paulo

Artur Rodrigues

Atrasada e com modelo inédito bancado por gestões tucanas, a linha 15-prata do metrô acumula problemas que vão de batida de trens a desabamento de um muro.

O primeiro trecho da linha foi aberto em 2014, mas até o fim do ano passado o monotrilho ainda estava oficialmente em fase de testes. As trapalhadas, que começaram ainda antes da inauguração, vêm se intensificando nos últimos meses e se tornando uma herança maldita deixada por Geraldo Alckmin (PSDB) para o governador João Doria (PSDB).

Para especialistas, a situação é reflexo da adoção de monotrilho em proporção não testado no mundo, no qual o metrô paulistano terá de aprender por meio dos próprios erros.

O monotrilho —espécie de trem com rodas, sobre um estrutura elevada —foi apresentado como uma solução rápida e barata para ligar a Vila Prudente à Cidade Tiradentes, mas virou uma obra demorada e cara.

A promessa do monotrilho vem de 2009, ainda com o então governador José Serra (PSDB). Parte das estações tiveram problemas na fase de obras e foram inauguradas às pressas pelo ex-governador Alckmin, antes das eleições onde concorreria à Presidência.

Na última semana, o muro de uma das últimas estações entregues, a Camilo Haddad, na região do Parque São Lucas (zona leste de SP), desabou sobre a escada que dá acesso à plataforma.

“Fizeram isso aí de qualquer jeito, sem viga, sem nada, apenas areia”, disse o vigia José Benedito dos Santos, 63, morador da casa ao lado do muro que desabou, que ficou cheia de rachaduras. “Poderia ter matado alguém. As pessoas costumam ficar sentadas nessa escadaria.”
Dois monotrilhos da linha 15-prata do metrô colidem na noite de terça-feira (29) Reprodução



1.             
O incidente foi o quarto relevante neste ano relacionado à linha. Os problemas começaram em janeiro, quando um equipamento chamado terceiro trilho, que fornece energia aos trens, se soltou e ficou pendurado a 15 metros do solo. A circulação foi interrompida.

Um dia depois, um incidente ainda mais grave: dois trens bateram. Como os vagões estavam vazios, ninguém se feriu.

Em maio, houve o caso de um pneu e uma composição do monotrilho que se deslocou da viga de rolamento durante uma manobra.

De acordo com dados obtidos via Lei de Acesso à Informação pelo jornal Agora, do grupo Folha, no primeiro bimestre do ano a 15-prata era linha com mais falhas notáveis, com 38% do total da rede.

Passageiros que chegam ao monotrilho vindos da linha 2-Verde relatam queda no padrão. Saem de um trem lotado, porém veloz, e entram numa composição trepidante e demorada.

O porteiro Ricardo Francisco da Silva, 38, afirma que os trens passaram a ter maior tempo de intervalo após os incidentes deste ano. “É muito lerdo. De noite, depois das 22h, às vezes esperamos bem mais de dez minutos por um trem”, diz ele.

Em 2018, o intervalo médio entre trens nos dias úteis foi de quatro minutos nos horários de pico e de seis nos demais. Na linha 3-Vermelha, por exemplo, a média é de cerca de dois minutos em ambos os períodos.

Silva relata ainda que mais de uma vez foi surpreendido com a interrupção da linha para testes. “Nesses dias, colocam o Paese [ônibus que faz o mesmo trajeto] e eu chego atrasado na certa.” 
Crculação de trens do monotrilho na inauguração da linha 15-prata, em agosto de 2014 Joel Silva - 30.ago.2014/Folhapress
 A fase de testes do monotrilho oficialmente acabou, mas o metrô ainda trata a linha com cuidado. Apesar de o sistema funcionar sem maquinistas, em geral um funcionário permanece no primeiro vagão, a postos para algum imprevisto. 

“A linha 15 é uma experiência, inaugurada sem que todos equipamentos estivessem testados”, afirma o coordenador geral do Sindicato dos Metroviários, Wagner Fajardo. “O sistema de sinalização, por exemplo, que levou aquele choque entre trens, ainda está em implantação”.

Atualmente, apenas seis estações estão em funcionamento, entre Vila Prudente e Vila União. A gestão Doria, que retomou obras paradas em 2018, promete mais quatro estações para este ano e uma última, Jardim Colonial, para 2021.
O custo do trecho —de 15,3 km e 11 estações —é de R$ 5,2 bilhões.

Em 2013, o governo estadual prometeu gastar R$ 5,4 bilhões (R$ 7,4 em valores atualizados) para fazer os 26,6 km da linha, até Cidade Tiradentes. O prazo previsto no edital para a entrega de toda a linha venceu há quatro anos.

“É uma operação muito ambiciosa fazer um monotrilho trabalhar igual uma linha de metrô. Não temos precedentes no mundo”, afirma o consultor Marcus Quintella, coordenador da FGV Transportes, que desenvolveu um estudo sobre monotrilhos. “Em nenhum lugar monotrilho tem um intervalo de 90 segundos, 180 segundos, querem aqui.”

O consultor cita que o maior monotrilho do mundo, em Tóquio, transporta 180 mil pessoas por dia. A demanda prevista para o monotrilho até o Jardim Colonial é de 405 mil.

Quintella afirma que, devido uma série de limitações, mais das metade dos monotrilhos do mundo foi desativada. Entre os motivos apontados está o fato de o meio de transporte, que não é de alta capacidade, acabar tento um custo muito alto e exigir subsídios governamentais.

“É um modo que hoje se mantém em cidades da Ásia muito mais como ligações para aeroportos, parques de diversões, ligações industriais, do que propriamente para transporte de massa”, diz.

A gestão João Doria dá sinais de que riscou dos planos o modelo monotrilho. O governador anunciou que desistiu do projeto de construir um monotrilho até a região do ABC, que será substituído por um BRTsistema de transporte com ônibus rápidos).

O secretário de Transportes, Alexandre Baldy, usou as obras paradas de outro monotrilho, o da linha 17-ouro, como contraexemplo do que gostaria que acontecesse em São Paulo. Prometida para a Copa do Mundo de 2016, a linha é um dos maiores fracassos da gestão Alckmin. 
OUTRO LADO
O Metrô afirma que o monotrilho da linha 15-prata é um “meio de transporte seguro, moderno, tecnológico e pioneiro em São Paulo”.

“O projeto conta com todos os certificados de segurança exigidos pela legislação vigente no Brasil e internacionalmente”, afirma a nota.

De acordo com a empresa, a recente queda de um muro divisório não estrutural “não toca, de forma alguma, a segurança da Linha 15”.

Relatório interno do Metrô constatou falha humana no caso da batida entre trens, em janeiro. O documento afirma que uma ação de funcionário tornou invisível uma das composições ao sistema, causando a batida.

Já os metroviários afirmam que o monotrilho não tem um segundo sistema que conseguiria captar essa falha e corrigir o problema.

Sobre o aumento de falhas, o Metrô afirmou anteriormente que “era esperado e se deveu à implantação de quatro novas estações na linha 15-prata e a implementação desta em período integral”. ​
CRONOLOGIA DE FALHAS
28 de junho - Um muro que divide a estação Camilo Haddad, do monotrilho, de casas vizinhas, desabou em área de pedestres.
16 de maio - Pneu de uma composição do monotrilho se deslocou da viga de rolamento durante uma manobra. 
29 de janeiro - Dois trens se chocaram na estação Jardim Planalto.
28 de janeiro - Um equipamento se soltou, ficou pendurado a 15 metros de altura do solo e interrompeu a circulação de trens entre as estações São Lucas e Vila União. 
2018 - Empresa contratada para fazer o acabamento e a instalação hidráulica de quatro estações abandonou obras e trabalhos ficam paralisados. 
2015 - Governo decide congelar plano para a construção do monotrilho até a Cidade Tiradentes. Com isso, seis estações previstas inicialmente não tem mais previsão de entrega  
2014 - Uma falha no projeto do monotrilho causou paralisação da obra, uma vez que engenheiros "descobriram" galerias de águas de um córrego embaixo da av. Professor Luiz Ignácio de Anhaia Mello. Isso obrigou o governo a fazer um novo projeto e mudar o córrego de lugar.


quarta-feira, 1 de maio de 2019

AVENIDA SAPOPEMBA: UM POUCO DE HISTÓRIA

Fonte: Sítio Dicionário de Ruas, <https://dicionarioderuas.prefeitura.sp.gov.br/logradouro/avenida-sapopemba> acesso em 01/05/2019.

AVENIDA SAPOPEMBA
Texto elaborado pelo historiador Luís Soares de Camargo.

Localização: Belenzinho | Distrito: Belém
A história da atual Avenida Sapopemba teve início ainda no século XIX. Naquela época, ela era conhecida como "Estrada de Sapopemba" e foi aberta para fazer a ligação entre os diversos sítios, chácaras e fazendas da região. De fato, por volta de 1880, a área urbanizada da cidade de São Paulo não ia além da atual Vila Gomes Cardim. Naquele período, a atual Vila Regente Feijó (onde tem início a Av. Sapopemba) ainda não existia. Mas a antiga Estrada de Sapopemba já estava presente na geografia da cidade. No século XIX, existiam diversas estradas "rurais" que faziam a ligação do núcleo urbano de São Paulo com diversas localidades. Assim era a "Estrada de Sorocaba" (hoje R. da Consolação e a sua derivação para Pinheiros) e a "Estrada de Jundiaí" (hoje um trecho da Avenida São João, General Olímpio da Silveira e a sua continuação pela Água Branca). Todas essas antigas estradas (hoje Avenidas) sofreram alterações em seus traçados e, principalmente, em suas denominações. Daí a importância da Av. Sapopemba para a cidade de São Paulo. Apesar de algumas retificações, ela permanece basicamente com seu traçado original e, mais importante, conservando a sua antiga denominação, ou seja, SAPOPEMBA. No início, ainda no século XIX, a estrada de Sapopemba (como o próprio nome já diz) era uma estrada de terra batida utilizada por tropeiros e pequenos sitiantes que por ela faziam chegar seus produtos até a cidade. Porém, uma grande transformação ocorreria já nos últimos anos do século XIX e princípios do século XX. O rápido processo de crescimento e urbanização pelo qual passou a cidade de São Paulo naquele período, fez com surgir diversos loteamentos entre a Moóca e o Tatuapé. Dentre eles, estavam a Vila Formosa e a Vila Prudente. Entretanto, todos os novos loteamentos (hoje bairros) conservaram o traçado da estrada de Sapopemba, uma vez que ela era por demais tradicional e uma histórica ligação de toda a Zona Leste até o centro da cidade. Entre 1910 e 1930, surge ao redor da estrada, numa antiga gleba de terra conhecida como ?Fazenda Sapopemba?, o atual bairro. A sua protetora é Nossa Sra. de Fátima, cuja imagem foi trazida de Portugal. Essa é uma referência importante para a história de Sapopemba, uma vez que os seus primeiros moradores eram portugueses e espanhóis. Com a rápida urbanização de seu entorno, a antiga "Estrada de Sapopemba" perde essa característica, ou seja, de estrada rural. Porém, nas décadas seguintes ela ainda continuaria a ser conhecida com essa designação (de "estrada"). Os moradores, por sua vez, não se conformavam. A partir de 1940, iniciaram um movimento para a transformação da estrada em Avenida. Os seus reclamos ganharam eco na Câmara Municipal e, em 1950, era apresentado o primeiro Projeto de Lei que a transformava em Avenida. O autor foi o então vereador Jânio da Silva Quadros que assim se expressou: É absurda a denominação de "estrada" à verdadeira avenida de ligação, toda edificada, e da máxima importância social e comercial. Depois, além de outros inconvenientes, a atual denominação tem impedido a entrega de mercadorias com a facilidade e a rapidez necessária, imaginando quem deva proceder a essas entregas que o local é retirado, longínquo, de difícil acesso, quando na realidade, é hoje, um legítimo trecho do centro de bairro populoso. Mais: - médicos já se recusaram à noite, a atender enfermos na "estrada" da toponímia esdrúxula. Supõem cuidar-se de zona rural, de subúrbio distante, com jornada perigosa e cansativa, nunca o coração da Água Rasa. Urge modificar o nome, que representa um logro, uma diminuição, uma falsidade. Daí o projeto que é o melhor desejo do povo local. Sala das Sessões da Câmara Municipal, 11 de Setembro de 1950 "Jânio Quadros". Porém, esse projeto de Lei não seria aprovado imediatamente. Outro projeto no mesmo sentido foi apresentado em 1952 pelo vereador Farabulini Jr., e aprovado no dia 19/05/1954. No dia 03 de Junho de 1954, o já Prefeito Jânio Quadros sanciona a Lei 4.484 que alterava o nome de "estrada" para "Avenida Sapopemba". A partir dos anos 70, 80 e 90, várias obras são realizadas nesta avenida. Nos seus 26 quilômetros dentro do município de São Paulo, alguns trechos são de pista dupla, outros simples e, também, trechos praticamente rurais. Desde a Água Rasa e até a "estrada do Rio Claro" no Distrito São Rafael, são diversas as paisagens, ocupações e, por consequência,
as histórias que dessa avenida se pode extrair. Uma curiosidade porém, deve ser registrada: apesar de hoje ela ser uma avenida, em alguns trechos a antiga "estrada" reaparece, especialmente no extremo na Zona Leste. Por outro lado, deve ser lembrado que ao entrar nos municípios de Mauá e logo após em Ribeirão Pires, ela retorna ao seu passado e passa a ser denominada oficialmente como "Estrada de Sapopemba". Nesse sentido, o seu ponto final na Avenida Francisco Monteiro em Ribeirão Pires, está há exatos 29 quilômetros da Praça da Sé.

A respeito do nome SAPOPEMBA:
Como se trata de um nome indígena (Tupi), não se sabe ao certo quando ele foi aplicado para denominar a região (isso antes da abertura da estrada). A explicação mais aceita para este nome é a seguinte:

Sapó (raiz) + pema (que se projeta para fora)
Esta era a denominação de algumas espécies de árvores cujas raízes se projetam para fora da terra e entrelaçam o tronco (grandes figueiras, gameleiras). Os estudiosos dizem que na região existiam esse tipo de árvore o que, por sua vez, determinou a aplicação do nome "Sapopemba".

Texto elaborado pelo historiador Luís Soares de Camargo.

Logradouro oficializado através da Lei nº 4.484, de 03 de junho de 1954.
Legislação anterior: Ato nº 972, de 24 de agosto de 1916.
O Decreto nº 54.466, de 15 de outubro de 2013, estende a denominação da Avenida Sapopemba e fixa os seus pontos de referência.O processo administrativo nº 1994-0.059.825-4 é o que trata do assunto.

MAIS INFORMAÇÕES

Nomes Anteriores:
Logradouro Formado Por Trechos Conhecidos Por Estrada de Sapopemba, Estrada do Rio Claro e Estrada Adutora de Rio Claro.
Descrição Técnica:
Início: confluência da Rua Água Rasa com a Avenida Salim Farah Maluf (setor 052 - quadras 001 e 360); Término: divisa do Município de Mauá (setor 249 - quadra 989 e setor 250 - quadra 997), situados nos Distritos da Água Rasa, Vila Formosa, Aricanduva, São Lucas, Sapopemba, São Rafael, Iguatemi e São Mateus, Subprefeituras da Mooca, Aricanduva/Formosa/Carrão, Vila Prudente, Sapopemba e São Mateus.
CADLOG:
17.824-1
Processo:
40.522/48
Oficialização:
LEI nº: 4.484 de 03/06/1954
Legislação anterior: Ato nº 972, de 24 de agosto de 1916.
O Decreto nº 54.466, de 15 de outubro de 2013, estende a denominação da Avenida Sapopemba e fixa os seus pontos de referência. O processo administrativo nº 1994-0.059.825-4 é o que trata do assunto.

Mapa:

A exibição da localização através do GoogleMaps é feita pela consulta do endereço e eventualmente pode não corresponder ao endereço oficial do logradouro. Para visualizar a localização precisa do logradouro, você pode consultar o Mapa Digital da Cidade de São Paulo (GeoSampa), que é o mapa oficial da Cidade.